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    Esse “termo” vem de um vídeo do canal Antídoto, no Youtube. O conceito é simples mas eficiente. 

    Sobre o miojo sabemos que é:
    1 - de fácil preparo.
    2 - sacia (pelo menos em um primeiro momento).
    3 - é feito em larga escala.
    4 - seu sabor é muito semelhante, o que muda é o pozinho mas não é uma mudança tão drástica.
    5 - é pouco nutritivo.
     
    Colin Morris é um entusiasta da música e um programador. Ele realizou um estudo de 1958 até 2017, com as músicas listadas entre as mais 100 da Billboard, utilizando um algoritmo para analisar as letras das canções. Ele chegou a conclusão que há uma correlação direta entre quão popular uma música é e quão repetitiva é sua letra.
     
    Veja bem, não quer dizer que a música por ser repetitiva está pior ou mais pobre artisticamente. Esse seria um juízo de valor. O que Colins fez como pesquisador foi lançar luzes que possam nos fazer enxergar melhor a realidade e assim, entendermos melhor nossos tempos, nossa arte e as consequências das múltiplas relações que surgem no fazer musical.
     
    A miojização da música é um conceito que aproxima a produção musical das características do miojo: rápido, sacia, feita em larga escala, sem muita diferenciação, pouco nutritiva.
     
    Aqui vale expressar mais claramente meu olhar voltado sobre a canção religiosa. Esta ganhou corpo e profissionalismo. Qualidade e volume de produção. Mas talvez valha a pena a reflexão sobre os tempos atuais onde é preciso sempre estar em evidência: a ditadura dos singles. Com periodicidade cada vez mais curta, o artista católico precisa lançar uma composição que ao mesmo tempo chame atenção mas não rompa tão dramáticamente com a expectativa criada por seu público. A canção precisa ser acompanhada por um clipe, que igualmente necessita corresponder a certa expectativa do que já foi feito antes (e consolidou o público do artista) e simultaneamente diferenciar-se entre tantos outros que semanalmente são divulgados à exaustão nas redes.
     
    O artista católico vive da sua profundidade e reflexão espiritual/artística mas também das manobras e técnicas de marketing digital, lançando mão de habilidades de persuasão, antes restringidas ao universo corporativo. Em live recente com o cantor Diego Fernandes, Maurício Soares, diretor da Sony Music, repetiu a máxima de que o valor financeiro utilizado para divulgar uma canção deve ser equiparado ao utilizado para a produção da mesma. Assim, entendemos que na lógica do mercado produzir e divulgar estão no mesmo degrau de importância e atenção. 
     
    A canção religiosa sofre de certa miojização? Premidos (no tempo e no dinheiro) pela necessidade mercadológica, os artistas lançam mão da repetição de fórmulas e gatilhos para assegurar sua visibilidade e pertinência nas playlists (versão atual dos rankings da imprensa musical de outrora)? Aliás, estas  mesmas playlist (algumas equivocadamente chamadas de “novidades”) estão longe da integridade de oferecer um panorama verdadeiro e lúcido. Grande parte se baseiam na repetição e saciedade de expectativas de “mais do mesmo”. O espaço “livre” dos streammings é muito mais feito de “it’s all about money” do que “it’s only rocknroll and I like it”.
     
    As letras repetem-se. A capacidade de dizer da experiência espiritual restringe-se a um vocabulário genérico, relativamente sem tensões teológicas. O compositor católico parece, em muitos momentos, ou ter medo de amargar um ostracismo fruto da sua ousadia criativa, ou fica inseguro de assumir sua originalidade e frustrar expectativas (inclusive de comunidades).
     
    Aqui me lembro de uma grande cantora católica que perguntou a meu amigo e compadre Bruno Camurati:
    Bruno, por que você não compõe mais músicas como “Canção de Pedro” ou “Fiat”? 
    Ele respondeu rápida e espontaneamente:
    Por que essas eu já fiz...
     
    Não há nada demais em comer um miojo de vez em quando. Mas se você só se alimenta de miojo, como diz o vídeo do Antídoto, pode ter certeza de que a sua saúde pagará um preço.
      
    Pesquisa de Colin Morris [VEJA AQUI
     
    E se a minha canção não tiver Senhor, Deus ou Jesus? Será ainda uma canção católica? 

    Fonte: Augusto Cezar, banda Dom // blogdoaugustocezar.catholicus.org.br
    Foto: Youtube Augusto Cezar Cornelius

    Vídeo do antídoto: Música (de) Massa

     
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