
MÚSICA E PALAVRAMiguel Angelo | Papo com o Músico)
E eis que já entramos no mês de outubro. 2024 está “voando”, não é mesmo? Mal piscamos os nossos olhos e já nos faltam apenas dois meses até o fim do ano.
Como passou rápido… Ou não!
Pois a experiência da pressa - ou da lentidão - depende do contexto existencial daquele(a) que experimenta o passar deste mesmo tempo.
Perceba: um segundo, por um lado, é muito pouco pra quem se encontra durante uma viagem de 30 dias de férias. Mas, por outro lado, é tempo demais para aquele medalhista de prata que, por também um segundo, perdeu a chance do sonhado ouro olímpico.
Somos seres históricos, afinal. E, como já cantava a querida Hermana Glenda, “yo soy de tiempo”! O refrão desta música diz algo assim, traduzido em português:
Eu sou do tempo. Tu és o Alfa e o Ômega, Tu és o meu Princípio e Fim: a eternidade.
A propósito, se puder e quiser, pesquise, agora ou mais tarde, esta música nas plataformas digitais ou no YouTube. Reze e reflita com ela.
Se assim o fizer, vai perceber que esta canção, assim como outras compostas pela freira, é totalmente inspirada na Palavra de Deus. Mais precisamente, em Eclesiastes 3, 1-15, que nos lembra que há um tempo certo para cada coisa.
Que mistério tremendo. Somos do tempo. Seres cronológicos, temos um prazo de validade temporal inscrito em nosso DNA, desde o primeiro instante de nossa concepção.
O que nos salva é o Kairós. A saber: a manifestação da Graça de Deus que, irrompendo neste “aqui e agora” transitório e precário, aponta-nos para uma eternidade plena de Comunhão e Amor no Criador.
Que se inicia aqui. E agora.
O Catecismo da Igreja Católica vai traduzir isto dizendo que somos seres “capazes de Deus”. É verdade. Está ao alcance de todos e de cada um. Apenas por causa da entrega gratuita de Nosso Salvador Jesus Cristo. Imersos nas circunstâncias temporais, podemos por Graça, no entanto, abrirmo-nos ao Eterno. Aqui. Agora.
Outubro recorda-nos de tal dinâmica.
Agosto e setembro lembrou-nos de que há um Deus que chama.
Outubro reforça-nos que não há chamamento sem Palavra.
Capazes de Deus, somos chamados a sermos ouvintes e praticantes da Palavra. Em vistas da construção do Reino de Deus. Aqui. Agora.
Que lindo quando tal experiência é traduzida também em forma de música. E Músicos.
Músicos ouvintes e praticantes da Palavra. Por Graça, traduzindo o Eterno através de canções e instrumentos, a serviço do Pai, na Igreja de Cristo, com a Força do Espírito Santo, enquanto caminham nas lutas e dificuldades. Do aqui e do agora. Tal vocação só será vivida na força da Palavra. Que sustenta, anima, inspira, exorta. Sempre aqui. Sempre agora.
Músicos, concretizemos, pois, por meio da Palavra, o chamamento divino em nossas vidas, através do dom musical. Embora imperfeitos, há uma Graça. Um chamado, Uma Palavra. Uma missão. Uma canção.
Como sinceramente nós nos colocamos como ouvintes e praticantes da Palavra? Como esta resposta vocacional transforma nossa vida e nossa música? Como esta experiência inspira e fortalece nossa missão?
Que outubro seja tempo de aprofundarmos a busca pessoal por essas respostas na Palavra.
E traduzi-las na vida. Com música.
Aqui. E agora.
Vamos juntos?
Um abraço.Miguel Angelo Cantor católico, membro da MCRJ (Música Católica Rio de Janeiro). Participante da Pastoral da Música, na matriz de São Sebastião do Cocotá, na Ilha do Governador - RJ. Teólogo, Filósofo e Mestrando em Educação pela PUC-Rio.
MIGUEL ANGELO CASTELO GOMES
Miguel Angelo
Cantor católico, membro da MCRJ (Música Católica Rio de Janeiro). Participante da Pastoral da Música, na matriz de São Sebastião do Cocotá, na Ilha do Governador - RJ. Teólogo, Filósofo e Mestrando em Educação pela PUC-Rio.
MIGUEL ANGELO CASTELO GOMES