
Olá, amigos. Tudo bem? O papo deste mês vem levantar uma polêmica bem interessante: a remuneração de um serviço musical, ou de exercer seu ministério musical. Como queiram chamar, ok?
Eu, como produtor musical, recebo alguns contatos de artistas católicos que gostariam de lançar projetos. Muitos aparecem com a retórica de que o dom a mim confiado precisa ser “correspondido” junto à obra, cedendo gratuitamente tal produção, pois a música católica tende a agradecer tal esforço. Muitos também aparecem com o discurso de que não tem valor inicial a investir, mas que, por um chamado de Deus, o projeto precisa ser lançado, e conta com minha compreensão, como produtor, em abraçar a causa dessa pessoa para que a obra siga. Vamos mudar um pouco a ótica?
Em um cenário de empreendedorismo, ou de investimento financeiro (ambos servem para a analogia), uma pessoa possui um valor a ser investido e, agindo desta maneira, acredita-se embasado em cálculos que este investimento (ou este empreendimento) irá render um lucro em um dado tempo. O retorno é certo, pois o empreendedor, ou investidor, assim analisou previamente e acredita. Bom, penso eu que, para este caso do produto musical, sendo fonográfico ou audiovisual, deveria seguir a mesma linha de raciocínio: embasado em análise mercadológica, um dado produto dará certo, pois existe uma demanda para ele, bem como qualidade das músicas, tanto nas composições quanto nos arranjos, e, além disso, tem um diferencial nas letras. Para que este investimento consolide, é preciso que um investimento financeiro seja feito, certo de que o trabalho será um sucesso.
Um outro minimundo é o de execução musical, sendo em missas ou em eventos. Se o produtor de um evento tem a confiança de que, depois de uma análise do projeto, terá retorno financeiro para honrar com os compromissos assumidos, estes que foram firmados para que o mesmo possa ser realizado, por que as pessoas convidadas para trabalhar precisariam investir por ele? Por que não se cria uma estratégia para que exista este capital inicial, uma vez que o evento seria de responsabilidade do produtor, ou da equipe produtora, e não da equipe operacional?
Mas o mais crítico destes cenários vem agora. Explanada a minha linha de pensamento nos dois últimos parágrafos, o julgamento de uma linha de pensamento que diverge pode surgir dos diretamente envolvidos, ou de terceiros. Vejamos: cada um adota sua maneira de pensar quanto ao tema, e não existe uma receita de bolo. Eu, por exemplo, tenho evitado o trabalho voluntário para dar prioridade à minha família. Muitas são as horas semanais de trabalho; sendo assim, por que eu deveria “abrir mão” de conviver em família? Ratifico: este é o meu modus operandi. Não é certo, ou errado. É o meu perfil atualmente. Perfil este que pode ser julgado por pessoas que pensam no serviço voluntário como algo generalizado. Acho que a criticidade maior está nisso.
Creio, que neste tema, o operário é digno do seu salário. Salário este que é definido pelo próprio operário, seja com bênçãos, seja com bênçãos e dinheiro, seja com dinheiro. No mundo real, puxando mais uma analogia, não definimos o valor que um vendedor deve vender um produto. E se o mesmo se sentir tocado em doar o produto, deverá partir dele, e não persuadido por outras pessoas, pois ele estará bem, sem ressalvas e em paz para realização da tarefa caso esteja recebendo o real valor de sua mão-de-obra.
Um abraço e até o próximo texto, meus amigos!
Fábio Cirino Casado, pai de 2 meninas, tecladista há 30 anos, saxofonista há 24 anos e produtor musical há 20 anos (tendo sido um dos produtores musicais da JMJ 2013). Graduado em Tecnologia da Informação e pós graduado em Trilha Sonora. Está no cenário de evangelização católica há 18 anos com eventos realizados e vários fonogramas produzidos em nível nacional.
contato@fabiocirino.com.br
Fábio Cirino
Casado, pai de 2 meninas, tecladista há 30 anos, saxofonista há 24 anos e produtor musical há 20 anos (tendo sido um dos produtores musicais da JMJ 2013). Graduado em Tecnologia da Informação e pós graduado em Trilha Sonora. Está no cenário de evangelização católica há 18 anos com eventos realizados e vários fonogramas produzidos em nível nacional.
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